quinta-feira, setembro 28, 2006

A respeito

O respeito, por si e entre todos, assume as mais diversas formas. O que é e são, respeito? São, a cortesia, a educação, a solidariedade, a lealdade, a amabilidade, a hospitalidade, um pouco de tudo, um pouco de nada.
A boa educação é aprender e saber respeitar. A solidariedade, não é mais do que o respeito pelas dificuldades do outro. A lealdade é o respeito pela paridade do outro. A cortesia e a afabilidade são o respeito pela sensibilidade do outro. A hospitalidade é o respeito em acolher os outros. E por aí fora.
O respeito é a matéria-prima para a relação de cada um consigo e com os outros. Tudo o resto são pouco mais do que variações higiénicas, melódicas ou semânticas, consoante a arte e o artista.
Estou quase certo disso. Só duvido, por razões de respeito.
(Almada)

segunda-feira, setembro 25, 2006

Sabe-se lá até onde...?

Há 8 anos atrás (a memória é uma coisa linda, mas tramada), os portugueses pronunciaram-se sobre a criação das regiões administrativas, através de referendo nacional. Pouco mais de 1/3 votaram a favor e os restantes votaram contra.
Hoje, são vários os estudos que demonstram que o país está cada vez mais unido na desgraça e cada vez mais solidário, nos seus desiquilíbrios. Exemplos, são os estudos recentes que indicam que Lisboa e Vale do Tejo foi a região mais beneficiada com as SCUT (auto-estradas sem custos para o utilizador), pagas pelo orçamento de todos nós, como outro estudo, segundo o qual ficamos a saber que o número de funcionários públicos tem crescido em Portugal à custa do aumento de funcionários do Estado na região de Lisboa. Ora, considerando que o número de funcionários tende a exprimir o grau de execução de políticas, podemos concluir que para Lisboa têm sido transferidas cada vez mais funções e encargos, assistindo o resto do país a uma diminuição progressiva das funções e prestações da parte do Estado.
Defendi em 1998 a regionalização. Participei na campanha do referendo, votei, escrevi artigos, promovi sessões de esclarecimento, distribuí panfletos. Vi outros a fazerem o mesmo, na defesa da opinião contrária. Todos com respeito. Todos queriamos um Portugal mais unido e mais desenvolvido, com menos assimetrias e mais coesão. Mas quisemos vias diferentes.
Lembro também todos aqueles que garantiam que "este é o caminho" ou outros que diziam, "queremos regionalização, mas OUTRA regionalização". Não esquecerei muitos que disseram aos portugueses, "votem Não a esta, que amanhã vamos preparar outra proposta de regiões...".
Onde está toda esta gente? Onde estão e onde está a consciência dos mais de 60% de inteligentes e sensatos portugueses que disseram "Não", para garantir um caminho que nos levou até onde sabemos e que nos levará sabe-se lá até onde...?
(Oliveira de Azeméis)

quinta-feira, setembro 21, 2006

Dias assim

Chove. Ainda dizem que as estações andam fora do tempo. Que outra maneira se encontrará para o início do outono que não seja um encharcado dia de chuva. Trânsito caótico, água escorrida, corpos molhados, pingos e chás. Início das escolas, fim das férias, guarda-chuvas, braços no-ar, passos corridos.
Chove. Os transportes atrasam, não tenho ainda ninguém no escritório. Estou só.
Valerá a pena, a partir de agora, continuar a fazer mais previsões do tempo? Vamos ter Londres, daqui até Março? Será que Deus apenas criou os meteorologistas para não envergonhar completamente, nas suas previsões, todos os economistas?
Chove.
(Almada)

quarta-feira, setembro 20, 2006

Patrões e empresários

Patrões e empresários, não são a mesma coisa. Há patrões que não são empresários e empresários que não são patrões. Há bons patrões e empresários e maus empresários e patrões. Há bons patrões que são maus empresários e bons empresários que são maus patrões. Há de quase tudo.
Não tenho preferência por qualquer deles. Admiro os bons, patrões ou empresários. Talvez um pouco mais os bons patrões se também forem empresários, sobretudo se forem bons. Sempre assumem mais riscos, para o caso da coisa correr mal. Mas gosto menos dos que só sabem ser bons empresários, sem quererem ser sequer patrões.
Conheço-os de todos, em todas as formas e feitios. Mas reconheço que empresário há-de ser quem quer, mas patrão apenas pode ser quem pode.
(Lisboa)

terça-feira, setembro 19, 2006

No meio de nada, a banana.

Desembrulhar folhas de papel de um cacho de bananas pode tornar-se instrutivo. Um destes dias, pude reler, numa dessas folhas acondicionadoras, a entrevista requentada de um dirigente sindical - imponente o tipo - a afirmar, sem margem para dúvidas, que “gosta de andar no meio dos trabalhadores”.
Ora cá está. Desta não estava à espera. Apesar de não ser um deles, de só parecer mas não querer ser, ele até gosta de se misturar com eles. Mais mesmo, de andar “no meio deles”. Claro, não dentro deles, nem por eles, mas no meio deles. É disto que é preciso.
(Almada)

Privação pública

Existe uma enorme confusão na vida pública em Portugal. Uma das recorrentes formas dessa confusão, passa pelo exercício público de posições ou acções em nome de outros, cada um deles próprio um cidadão singular e particular.
É frequente ver que somos diariamente representados, de forma abusiva, por pessoas que falam em nosso nome, sem mandato legítimo, sobre os mais diversos assuntos: contribuintes, utentes de saúde, pais, utentes de transportes, profissionais disto ou daquilo.
A legitimidade e a representação são estruturantes num sistema democrático. O exercício da liberdade democrática exige mecanismos adequados de controlo de quem representa por quem é representado, para garantir a operacionalidade dos sistemas mas também a sua legitimidade. Porque não podemos estar 10 milhões de portugueses, o dia inteiro, na Assembleia da República, temos lá 230 deputados que decidem por nós, em nosso nome e - supostamente, queremos crer - também no nosso interesse.
Ora, é frequente encontrarmos representantes de entidades cuja legitimidade não conhecemos, a emitirem as mais veementes orientações. Frequentemente, sob a forma bolsada de disparate a granel. Um exemplo que hoje ouvi, referia-se a alguém que verberava contra as taxas moderadoras (referindo-se-lhes como meios de financiamento, quando devem ser sobretudo uma forma de limitação do uso dos serviços), bem como aclamava a defesa do sistema de saúde "tendencialmente gratuito" (agora, tendência no sentido de moda ou de orientação para qualquer coisa ou a caminho de qualquer coisa completamente gratuita, quando sabemos que pode querer dizer precisamente o contrário disso).
Confesso que neste país tão crítico mas tão pouco exigente com os seus políticos - apesar de tudo sendo os governantes eleitos democraticamente, pelo que credores de legitimidade representativa de todos nós -, é também absolutamente permissivo e tolerante com mandatários sem mandante que, a coberto do protagonismo e da facilidade de acesso aos meios de comunicação, em "nosso nome", exprimem as mais contundentes quanto inexpressivas posições e manifestações, sem que tenham recebido autoridade ou legitimidade para tal. Pelo menos minha, de certeza, não terão recebido.
(Lisboa)

segunda-feira, setembro 18, 2006

Há 2 lentes em cada par de óculos

O gajo era um pobretanas, sem estirpe. Não era farpado, dirias. Foi ganhar a vida. Pediu dinheiro à madrinha para comprar a mala, meteu mais umas meias aos quadrados – que lá faz frio - e arrancou. Emigrou lá para as inglaterras, ou o carago. Está a lavar pratos num bar, sabe-se lá onde. Há-de voltar um dia, com umas massitas, se Deus quiser! Já prometeu ir a Fátima a-pé, se correr bem.

O Gonçalo, esse, foi viver um tempo para o estrangeiro. Desatinou. Estava farto de Lisboa. Aborrecia-se aqui. Esta cidade era um tédio para ele. Coitado. Pior que a lesma fétida, do Eça. Está agora numa casa simpática, junto a Covent Garden e passa as tardes, dia-sim e dia-não, a pintar na Tate Modern Art. O resto do tempo, ajuda num bar animadissimo, estilo disc-jockey. Sabes?

(Lisboa)

A vida para lá de todos

A minha semana na Florida, EUA, revelou-se do maior interesse. Foi demasiado curta e demasiado intensa para conseguir vir aqui pesar o meu ser. Mas fartei-me de florir.
Uma das imagens que me fica, resulta da vista da minha cadeira da frente, bem como de todas as outras cadeiras, disciplinadamente arrumadas num anfiteatro de uma universidade daquele Estado americano.
Enquanto ouvia uma prelecção sobre um projecto em regime de parceria público-privada, que permitia sustentar um instituto de investigação de bio-ciência e tecnologia, para investigação de novos produtos e processos para diagnóstico e tratamento de doenças, sobretudo do foro oncológico, reparei que, nas costas das cadeiras, de todas elas, constavam umas pequenas placas rectangulares, douradas, com nomes esculpidos de pessoas, vivas e mortas, cheias de saúde ou in memoriam, mulheres e homens, solteiros ou aos casais, pais e filhos, irmãos e avós, mães ou primas, a quem se consagrava cada uma das ditas cadeiras, pelos donativos em vida consagrados ao ser e à existência.
Recordei-me então de muitos dos nossos cemitérios, em que herdeiros gastam verdadeiras fortunas a glorificar a vida, a honra e a memória de alguns dos seus, em enormes e avantajados túmulos e lápides, alguns a preços de 5 assoalhadas.
Pergunto-me, se não ganhávamos todos muito mais com umas campas mais simples, em que se glorificasse a honra e a memória dos mortos através do incentivo aos vivos, aos necessitados e à melhoria e promoção das condições da vida de todos os outros, que por aqui ficam.
Os vivos serão mais vivos e agradecem, a bem dos dias em que o forem, para que menos dias sobrem para o não serem.
(Oliveira de Azeméis)

segunda-feira, setembro 11, 2006

9-11

Estou a escassas horas do quase 11 de Setembro. Ainda estou a 10, na Florida, Estados Unidos. Tanta coisa se passou, desde esse dia. Estava, 5 anos antes, em Hammamet, na Tunísia. Este tempo depois, estou neste lado, agora a tentar tambem perceber a "barricada" da estupidez humana.
(Orlando, USA)

domingo, setembro 10, 2006

Dinheiro-a-seco

Caminham, cada vez mais tarde, ao longo das ruas direitas das cidades. Ao almoço, estugam mais o passo. À tarde vão zonzos. Gingões. Gravatas desalinhadas, nós ao lado. Para o mesmo lado.
Saídos dos bancos, compram e vendem dinheiro, promessas, esperanças, desventuras, poucas aventuras, mas muito risco. Como toda a gente, menos a deles. Lá vão, casacos sobre os ombros, mãos nos bolsos. Vazios. No servidor, titulado, deixaram já o dinheiro abandonado. É tão feio como não é bonito rimar na prosa!
(Oliveira de Azeméis)

sexta-feira, setembro 08, 2006

Florir

Domingo, vou florir. Até mais ver.
(Lisboa)

quinta-feira, setembro 07, 2006

Olhos claros

Não entenderei jamais a razão pela qual a publicidade dos produtos de beleza usa sempre mulheres, de rosto pálido e olhos claros. Azuis, quase sempre. Porque não?
E as de olhos castanhos, verdes, ou negros? Não precisarão de produtos de beleza? Para que precisam deles, logo as de rosto-pálido e de olho azul?
(Lisboa)

Optimismo

Já não há verdadeiros optimistas. Não dos que fazem as palavras cruzadas a lápis de carvão e as passam à caneta ou, à antiga, dos que as fazem logo na ponta da caneta. Já não há optimistas, é dos que só as fazem por já não quererem saber de fazer outra coisa.
(Almada)

quarta-feira, setembro 06, 2006

a-sec

Por que diabo não consegues entender por que lhe deram o nome de limpeza-a-seco? Não te metem os trapos em água, claro!
(Almada)

Palavras

Há vezes em que uma palavra vale mais do que mil imagens! Quais?
As tais...
(Almada)

Futuro

O futuro, o que é? A sucessão irracional e imprevisível dos resultados do passado? O resultado imprevisto das certezas adquiridas no presente? A confirmação indeterminada dos actos e omissões do passado?
Sei lá. Nem quero saber. Vivemos sempre no presente, a pensar no futuro, mas na evolução temporal só há verdadeiramente passado. O passado existiu, o presente está, o futuro é uma expectativa no plural.
Afinal, o que é o futuro? Sei lá...
(Almada)

Kilitos da borboleta

A Cinha Jardim perdeu 3 kilos, li esta manhã. Que diabo! Haverá alguma ligação fractal entre esta (certamente) importante notícia e a situação no médio oriente? Tem que haver, caramba, tem que haver. É notícia!
Há-de haver um qualquer bater de asas de uma qualquer borboleta...
(Lisboa)

sexta-feira, setembro 01, 2006

Obrigado

Aborrece-me, sempre que tento agradecer a alguém. Não é por agradecer, porque gosto de o fazer. Se o faço, será autêntico. Porque o agradecido o merece ou tal espera. É antes pelo constrangimento de o fazer, utilizando a mais comum e inapropriada das palavras: "obrigada", ou a forma mais cruel, "obrigado".
"Obrigado", nada! Se agradeço, é porque confirmo uma acção, um gesto, uma atitude, uma palvara, que apreciei e aprecio. Se apreciei, foi porque quis. Se quero, não sou nem fui obrigado. Porque que raio hei-de dizer "obrigado"?
Posso e devo estar agradecido, mas não obrigado. Se estiver obrigado, não estarei certamente agradecido. Aborrece-me...
(Almada)